A primeira vez que eu vi videiras brancas, devido ao protetor solar, foi aqui em Barossa Valley, na primeira vinícola onde trabalhei. Fiquei muito impressionada com esse tema, então fiz várias pesquisas sobre o assunto, e hoje gostaria de compartilhar um pouco desse conhecimento com vocês.
"Você coloca protetor solar nos seus filhos quando eles saem ao sol, então colocamos em nossas videiras. E funciona como um spray normal", diz Bruce Tyrrell, o executivo-chefe da Tyrrell's Wines.
Tyrrell é uma vinícola localizada em Hunter Valley, NSW, Austrália, que produz vinho desde a década de 1860. Bruce Tyrrell percebeu há vários anos que precisaria encontrar maneiras de garantir que suas uvas pudessem sobreviver no clima cada vez mais quente e seco da Austrália. Então, há mais de cinco anos, a vinícola decidiu adotar o chamado "Protetor Solar Agrícola".
Então, o que é "Protetor solar agrícola?"
Para começar, vamos falar sobre a camada de ozônio acima da Austrália, que tem um forte impacto sobre os raios UV transmitidos para as uvas. Os australianos me explicaram, que há anos, existe um "buraco na camada de ozônio acima da Austrália". Tecnicamente, a camada de ozônio ao redor da latitude média é diluída acima da Austrália, e um buraco ocorre acima da Antártida frequentemente durante a Primavera. O resultado de ambos, para a Austrália, é mais radiação UV chegando à terra, e é por isso, que muitos viticultores tomam a decisão de proteger suas videiras com "Protetor Solar Agrícola" nos anos em que as temperaturas excedem 45 graus Celsius.
Temperaturas muito altas podem causar sérios danos aos vinhedos, e as frutas podem murchar ou sofrer queimaduras solares. Altas temperaturas também podem afetar o amadurecimento das uvas - se a videira sofre com muito calor, ela começa a transpirar muito, então para proteger a planta de ficar sem água, ela para a fotossíntese, assim, parando o amadurecimento das uvas, tornando o período de colheita mais longo ou colhendo as uvas com sabores amargos por causa da insuficiência de madures, impactando na qualidade e no rendimento dos vinhedos.
Uma das melhores práticas para combater esse problema nos vinhedos é o uso de um protetor solar de argila à base de kaolin, que ajuda a refletir a luz solar direta ou a luz UV, protegendo assim o fruto de queimaduras solares e danos causados pelo estresse térmico.
De acordo com o produtor de vinhos e engenheiro agrônomo Warren Burgess de Langhorne Creek, Austrália:
"Com a gama de práticas que começamos a empregar aqui, estamos descobrindo que estamos mitigando parte desse risco associado a alguns desses dias extremos."
A Austrália
mais uma vez surpreende com suas práticas de viticultura, garantindo a
qualidade de seus vinhos, mesmo nos anos difíceis.